Uma pesquisa recente realizada pela Trusted Choice, marca que representa os membros da Independent Insurance Agents & Brokers of America, associação de agentes e corretores de seguros independentes, revela que quase 70% dos consumidores de seguros nos EUA pesquisam suas apólices para encontrar um preço melhor, mas um terço deles não sabe quais fatores econômicos externos afetam as taxas. No Brasil, o comportamento é similar: levantamento da consultoria Bain apontou que os consumidores topariam abrir mão de algumas assistências para pagar mais barato nos seguros de vida, automóvel e residencial.
A pesquisa apontou que:
- 46,6% dos americanos já consideraram ou tomaram uma franquia mais alta para economizar dinheiro no seguro;
- 22% já pensaram em ficar sem seguro com o único objetivo de economizar dinheiro;
- 83% trocariam de provedor de seguros por prêmios de menor custo, enquanto
- 59,5% trocariam por uma cobertura melhor.
- 56,3% compram seguros por meio de um agente de seguros, e
- 36,3% compram online pelos sites das companhias de seguros.
Como ficam os brasileiros que moram nos EUA?
Os Estados Unidos concentram a maior comunidade de brasileiros fora do país, com 1,9 milhão de cidadãos, de acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores divulgados em agosto de 2023. As três cidades que concentram a maioria dessa população são Nova York (500 mil), Boston (390 mil) e Miami (295 mil), mas há brasileiros em vários outros estados e cidades do país.
A analista financeira Ana Carolina Neves Houk, 39, é moradora de Charlotte, na Carolina do Norte, há 9 anos. Brasileira, ela conta que a maior diferença que sente na necessidade de seguros entre os dois países é o seguro-saúde, muito mais caro na terra do tio Sam. “Aqui nos Estados Unidos é muito caro mesmo, principalmente se você estiver pagando do bolso. Se você não for ligado a uma empresa, infelizmente os custos com saúde são absurdos”, diz. Vale lembrar que nos Estados Unidos não existe um sistema público de saúde como existe no Brasil – o SUS (Sistema Único de Saúde).
Por outro lado, Ana Carolina comenta sobre a utilidade do seguro residencial, adquirido junto com o financiamento da casa onde ela mora com a família. “No verão passado teve uma chuva de granizo muito forte aqui que danificou meu telhado, acionamos a seguradora e agora vão pagar um telhado novo para a gente. E o preço é bem mais barato que o preço pago nisso no Brasil”, explica.
Ela conta que provavelmente pagará mais caro na renovação do seguro por conta desse sinistro (ocorrência do risco previsto no contrato de seguro) que ocorreu não só na sua casa, mas nos vizinhos também. Para driblar o aumento de preços, Ana diz que sempre recorre à estratégia de “fazer cotações em pelo menos três companhias”. Ela salienta ainda que, dependendo da região, se o risco de alagamento é alto, o preço do seguro residencial é ainda mais caro. “Não é nosso caso, geralmente é na costa. Esses seguros são bem caros e isso é uma coisa que comprador de casa tem que tomar cuidado. Com o aquecimento global e aumento das enchentes, tem lugar que o preço do seguro é quase o preço da parcela do financiamento” observa.
Qual seguro é essencial?
De acordo com Daniel Toledo, advogado especialista em Direito Internacional, a aquisição dos seguros residencial e automotivo é praticamente obrigatória para quem vai morar nos Estados Unidos. Isso porque são seguros exigidos pelas empresas que vendem esses bens ao consumidor, que os adquirem por meio de financiamentos.
“Ninguém compra carro à vista aqui, é muito raro, só quem não tem documento compra carro à vista aqui porque os juros são muito baixos, então vale a pena financiar. E as financeiras exigem os seguros mínimos”, esclarece Toledo. No caso do seguro automóvel, o advogado conta que as coberturas mínimas geralmente exigidas são:
- US$ 250 mil para indenização de terceiros, caso o proprietário do automóvel cause algum acidente;
- US$ 150 mil para indenização por danos materiais; e
- US$ 300 mil de indenização ao proprietário, caso sofra um acidente e precise ir para um hospital, por exemplo.
No Texas, onde o advogado mora, pode sair bem caro andar motorizado sem o seguro. O carro pode ser apreendido e o proprietário é quem terá que arcar com os custos da multa, do guincho e do pátio. “Se você não tem seguro de carro, você vai pagar uma multa que é mais ou menos, considerando um Corolla, US$ 500 dólares de multa, US$ 300 dólares do guincho, mais a multa para tirar o carro do pátio. Você vai gastar no mínimo US$ 1.000 por não ter o seguro que custa 100 por mês”, calcula.
Segundo Toledo, as “regras” para a contratação de seguro “mudam pouco” de um estado para o outro. “Na Califórnia, por exemplo, se o morador não tem condição financeira de pagar um seguro de saúde, o governo fornece. Na Flórida, se você quer comprar uma moto e a moto está paga, ela não está financiada, você não é obrigado a fazer o seguro”, exemplifica.
Tem como baratear?
Na análise de Daniela Paschoal, professora da FIA Busines School, dá sim para “baratear” o seguro adquirido nos EUA. O primeiro passo é entender quais são as reais necessidades de cobertura. O auxílio profissional para mapear essas necessidades pode ser útil. “É importante ter o corretor que vai explicar, entender a vida da pessoa, o patrimônio, quem são os dependentes, e a necessidade de proteção e risco, para não colocar cobertura demais e pagar muito por algo que não vai precisar, mas o contrário também é verdadeiro”, pontua.
Outro caminho é apostar na mitigação dos riscos, ou seja, aderir a iniciativas preventivas. “Condutas como a ausência de multas ajuda a baratear o seguro auto, por exemplo”, acrescenta Daniela.
Segundo a professora, é importante incluir todos os gastos previstos com seguros no orçamento familiar para evitar prejuízos e garantir que o patrimônio não seja impactado.
Para os especialistas consultados, o brasileiro que vai morar nos Estados Unidos precisa entender que a cultura norte-americana, quando se trata de seguros, é diferente da brasileira. Por isso, é importante se adequar às práticas do novo país – o que nem sempre é fácil, porém é necessário.
Fonte: InfoMoney
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